A Síndrome
do Ninho Vazio caracteriza-se pelos sentimentos de tristeza e abandono que tomam
conta das vidas de pais e mães, depois que os filhos crescem e seguem seu
caminho.
A casa estava sempre cheia com os filhos, que traziam
seus amigos, namorados e namoradas. O pai trabalhava todos os dias para
sustentar a família. A mãe cuidava dos filhos e das tarefas de casa. Como então
lidar com o silêncio deixado pela ausência dos filhos se os pais estavam
acostumados com o barulho e a bagunça causados por eles?
Já na
adolescência dos filhos, a casa começa a ficar vazia, pois é nessa fase que estão
se preparando para a vida adulta e, conseqüentemente, para a independência. Ao
se depararem com essa nova etapa, os pais podem passar por um processo de
reavaliação de sua própria adolescência, analisando os pais que tiveram e os
filhos que foram, e repensando suas escolhas profissionais e seus
relacionamentos pessoais. Esse processo os força a aceitarem a perda da
juventude e a chegada da velhice, e com ela a aproximação da idéia de morte. Pode
também gerar um sentimento de inutilidade, já que os filhos estão crescendo, se
relacionando com um número maior de pessoas e fazendo outras identificações.
Muitas vezes, se vêem perdidos ao perceberem que não são mais os heróis dos
filhos.
Para estes, entretanto, crescer e seguir com suas
vidas é absolutamente natural: eles entram na vida adulta e têm a oportunidade
de se sustentarem, formarem suas próprias famílias e seus próprios lares. Mas,
nem sempre os pais vêem somente com otimismo essas transformações. Para as
mulheres que têm como objetivo único cuidar dos filhos e da casa, e para os
homens que se realizam apenas por serem os provedores da família, a Síndrome do
Ninho Vazio pode ser muito impactante, trazendo intenso sofrimento e angústia
e, em casos extremos, depressão. Os casais, que sempre se apoiaram nos filhos
como estrutura de seus relacionamentos, podem sofrer, também, crises conjugais
nessa fase: muitas vezes se doam tanto para os filhos que já não tem mais
intimidade como casal e percebem que já não conhecem um ao outro.
Diante da dificuldade em lidar com esses sentimentos,
alguns pais podem inconscientemente tentar sabotar a vida de seus filhos.
Exemplos disso seriam: pais e mães que tentam viver a vida do filho, fazendo
escolhas por ele, como se ainda fosse incapaz de tomar decisões sozinho; a mãe
que não gosta da nora, e a destrata, numa tentativa de fazer o filho mudar de
idéia quanto ao casamento, e voltar, assim, para os seus braços; e os pais que
continuam tratando os filhos crescidos como se ainda fossem crianças, em uma
tentativa de mantê-los dependentes.
O que fazer, então, quando se dão conta de que parte
da família não se encontra mais presente?
A mãe precisa resgatar seu principal
papel na sociedade: o de Mulher. O pai, geralmente já aposentado nessa fase,
também necessita retomar a sua função anterior: a de Homem. Precisam perceber
que, apesar da sensação de vazio e solidão, eles têm suas próprias vidas para
darem continuidade. Precisam, então, recuperar as funções sociais que exerciam
antes dos filhos nascerem e redescobrir os prazeres da vida, com atividades
como exercícios físicos, trabalhos voluntários, cursos e viagens.
Para
passarem pela Síndrome do Ninho Vazio de maneira mais amena e menos sofrida,
precisam aceitar que o amor que os filhos nutrem por eles não se modificará
apenas por estarem ausentes e que, embora estejam construindo suas próprias
famílias, esses novos laços não substituem o amor pelas figuras parentais. Cumpriram
sua missão, encaminharam os filhos e, assim como tiveram sua oportunidade de
crescer e formar uma nova família, devem permitir que os filhos vivenciem essas
experiências.
- Revista Vigor - Movimento e Saúde: http://www.revistavigor.com.br/2011/08/09/sindrome-do-ninho-vazio-os-filhos-sairam-de-casa-e-o-silencio-tomou-conta-do-lar/