1 - Como diferenciar o comportamento de
uma criança que já é ativa por natureza daquela que possui um transtorno de
déficit de atenção? Quais os cuidados devem ser tomados para não errar no
diagnóstico?
Um dos principais pontos a serem observados
é que a criança portadora do Transtorno de Déficit de Atenção não consegue
ficar mais de 20 minutos, aproximadamente, realizando a mesma atividade. Outra
característica importante é que o Transtorno de Déficit de Atenção traz
sofrimento à criança. Como ela não consegue ficar quieta, ou se distrai
facilmente, ela acaba não conseguindo se concentrar nas atividades do dia-a-dia,
o que a deixa irritada e, por conseqüência, mais inquieta e mais dispersa.
· hiperatividade,
· dificuldade
de concentração e fácil distração,
· desobediência
– muitas vezes confundida com falta de educação e limites,
· dificuldade
de terminar projetos já começados,
· ansiedade,
· impulsividade,
· irritabilidade,
· problemas
de aprendizado,
· impaciência,
· problemas
relacionados à memória.
Para os leigos, alguns comportamentos de
crianças inquietas podem ser confundidos com Transtorno de Déficit de Atenção,
porém esse é um diagnóstico difícil e deve ser feito por um profissional
especializado. Para um diagnóstico preciso, é necessário levar em consideração:
· o
histórico de vida da criança em todos os seus círculos sociais,
· como
ela se comporta quando está com a família, com os amigos, na escola e em suas atividades
extracurriculares
· tempo
de duração desses sintomas
· o
quanto interferem no cotidiano da pessoa.
Temos,
portanto, que ter o cuidado de não diagnosticar esse sujeito por comportamentos
detectados em um ambiente específico somente. É muito comum, por exemplo, uma
criança que é agitada na escola receber um diagnóstico de Transtorno de Déficit
de Atenção. Muitas vezes, porém, esse diagnóstico é errado, pois leva em
consideração somente o comportamento da criança na escola. Essa mesma criança,
fora da sala de aula, pode ser calma e se concentrar durante outras atividades.
2 - De que forma você aconselha que as escolas preparem seus professores para lidar com essas crianças que possuem esse transtorno?
É importante
que os professores conheçam o Transtorno de Déficit de Atenção e seus sintomas,
para que possam alertar os pais caso percebam esses comportamentos na sala de
aula. É fundamental saberem lidar com esses alunos, pois demandam atenção e
paciência. Precisam entender que não são desatentos porque querem e que a
desatenção e agitação estão além de seu autocontrole.
Palestras e cursos são uma boa forma de
adquirirem conhecimento sobre o assunto.
Professores que tenham casos de Transtorno de
Déficit de Atenção entre seus alunos precisam preparar aulas mais dinâmicas. Algumas
configurações da sala de aula também ajudam, como exemplo, a utilização de carteiras
individuais em vez de mesas para vários alunos, já que esta última permite que
o aluno se distraia mais facilmente.
3 - A relação próxima entre família e escola pode ajudar a amenizar esse distúrbio?
Sim. A pessoa
portadora desse transtorno tem toda a sua vida afetada por ele. Se a escola e a
família tiverem uma boa relação, as duas partes poderão trocar informações sobre
o quadro, seu andamento e, até mesmo, partilharem de seus conhecimentos para
que juntas possam ajudá-la. Se, por exemplo, a família tenta esconder da escola
o transtorno da criança, os professores desavisados poderão tratá-la com
impaciência e rigidez excessiva, o que agravaria o sofrimento dela.
4 - Para os pais, como identificar quando é a hora de procurar um psicólogo?
4 - Para os pais, como identificar quando é a hora de procurar um psicólogo?
Os pais
precisam ficar atentos aos sintomas descritos anteriormente. Geralmente, um dos
indicativos mais fáceis de se notar é a queda no rendimento escolar, quando
este não está vinculado a outros fatores, como, por exemplo, a mudança de
escola ou o divórcio dos pais. Quando essa queda acontece de modo amplo, não
apenas em uma matéria específica, há um sinal de que as coisas não andam bem e
um psicólogo deve ser procurado.
5 - Como funciona o tratamento do transtorno? Ele envolve medicação? Existem efeitos colaterais para as crianças?
O Transtorno de Déficit de Atenção não tem
cura, por isso o tratamento com um psicólogo é tão importante, pois dará ferramentas,
tanto para a criança quanto para os pais, para lidarem com esse transtorno. Deve
ser associado ao tratamento psiquiátrico, com a prescrição de medicamentos,
pelo menos por algum período, que irão atuar na irritabilidade, ansiedade e
agitação do sujeito. A Ritalina é o medicamento mais utilizado, porém o
psiquiatra pode prescrever outros medicamentos associados. Estes podem causar
efeitos colaterais e, por isso, o acompanhamento psiquiátrico é tão importante.
6 - Normalmente essas crianças com o transtorno conservam amizades ou são mais isoladas?
6 - Normalmente essas crianças com o transtorno conservam amizades ou são mais isoladas?
Normalmente,
elas são mais isoladas, uma vez que seus comportamentos podem gerar
dificuldades em manter esses relacionamentos.
7 - Quais tipos de terapias alternativas, como pintura por exemplo, podem funcionar no tratamento?
7 - Quais tipos de terapias alternativas, como pintura por exemplo, podem funcionar no tratamento?
O ideal é que a
criança portadora do Transtorno de Déficit de Atenção tenha uma rotina parecida
como a de qualquer outra. Fazer um esporte, como natação, futebol ou artes
marciais, é sempre algo positivo. Pintura, curso de línguas, e quaisquer outras
atividades extracurriculares também podem ser benéficas. Embora seja um erro
comum, é importante salientar, entretanto, que não é recomendado ocupar de
forma exagerada todo o dia do sujeito com essas atividades. É errada a crença de
que quanto mais atividades ele tiver, mais ele ficará cansado e, portanto,
menos agitado. Esse excesso pode gerar um efeito contrário, deixando-o ainda
mais irritado e ansioso.