(Entrevista feita comigo para matéria publicada no Jornal de Piracicaba, no Caderno "Educação" - Piracicaba - SP)
- Quais as principais mudanças
que ocorrem em uma família quando um filho deixa a casa dos pais para fazer
faculdade fora?
Entre as
mudanças mais comuns em uma família quando os filhos saem de casa podemos
citar:
- Perda
de sentido na vida dos pais e consequente desestabilização da vida conjugal parental;
- Sentimento
de culpa nos filhos por terem deixado o lar.
- Você aconselha os pais a
deixarem seus filhos estudarem em outra cidade? Por que?
Sim, se
estiver dentro do orçamento e das possibilidades da família. Essa etapa permite
o então adolescente assumir responsabilidades que não teria morando com os
pais, facilitando o seu ingresso na vida adulta.
- É possível superar a saudade em
uma hora dessas? Como?
Sim, é
possível. É necessária a conscientização por parte dos pais de que essa é uma
etapa natural no desenvolvimento dos filhos e que eles cumpriram as etapas de
criação e educação deles. Isso motivará os pais a resgatarem outras funções de
suas vidas além da parental.
- Qual a frequência saudável dos
contatos entre a família e os filhos? Os pais podem, mesmo sem perceber,
"sufocar" seus filhos em tal situação?
Não há
exatamente uma frequência saudável. O importante é que esses contatos não interfiram
negativamente na vida dos filhos, gerando incômodos ou desavenças. Tais interferências podem sufocar os filhos,
principalmente no que diz respeito às novas responsabilidades e escolhas que
farão nessa fase. É necessário respeitar os limites e a privacidade de ambas as
partes.
- Como as escolas e os cursinhos
podem ajudar as famílias e os jovens no preparo para a vida universitária e a
distância do lar?
As
escolas e cursinhos podem promover esclarecimentos para os jovens e suas
famílias sobre os principais fenômenos aos quais estarão expostos ao entrarem
nessa etapa de suas vidas. As palestras e os debates acompanhados por
profissionais promovem orientações valiosas para essas pessoas, que muitas
vezes, por desconhecerem tais fenômenos, não têm recursos internos para
superarem tais dificuldades.
- Há muitos estudantes que vão
fazer universidade longe de casa e acabam voltando depois de algum tempo, eles
também sentem saudade do ninho?
Muitos
voltam para a casa dos pais por necessidade. Outros por não conseguirem lidar
com a saudade que sentem do ninho. Outros ainda, por não conseguirem lidar com
a saudade que fizeram seus pais sentirem ao saírem de casa. Nenhum dos últimos
dois casos é benéfico para o amadurecimento dos filhos.
- É possível encontrar um
equilíbrio entre a vida universitária; os estudos, os amigos e a vida em
família? É normal os interesses dos jovens se voltarem para o ambiente extrafamiliar
nessa fase da vida?
Sim, é
possível, e essa busca pelo equilíbrio é um dos fatores que ajudarão o jovem a
desenvolver todos os aspectos de sua vida adequadamente.
Nessa
fase da vida, os jovens, ainda adolescentes em sua maioria, tendem a se voltar
para o ambiente extrafamiliar em busca de novas descobertas e novos contatos sociais,
com intuito inconsciente de fazerem novas identificações que auxiliarão na
formação de sua identidade adulta, ainda em construção.
- Quem normalmente sofre mais com
a partida dos filhos, a mãe ou o pai? Por que?
Antigamente,
acreditava-se que era a mãe quem sofria mais com a partida dos filhos de casa.
Hoje as pesquisas e os estudos mostram que independe do gênero: pai e mãe podem
sofrer igualmente com a saída dos filhos de casa. Esse sofrimento será
determinado pelo grau de dependência entre pais e filhos.