Bullying - O Círculo Vicioso da Agressividade









A sociedade atual vem sendo marcada por diversas formas de violência. Uma delas merece destaque não só pela crescente repercussão na mídia mas principalmente pela devastação emocional que causa em suas vítimas: o bullying.

Define-se bullying como uma série de ações agressivas – físicas ou psicológicas – de caráter intencional e repetitivo, na qual se verifica uma marcante desigualdade de poder entre agressor e vítima. Com a popularização do termo bullying, muitas agressões estão sendo enquadradas erroneamente nessa categoria, e por isso é importante ressaltar que brigas e discussões entre indivíduos em equilíbrio de poder não são consideradas bullying, assim como não o são brigas e discussões esporádicas.

O bullying pode ocorrer de forma direta ou indireta. A forma direta inclui agressões físicas e verbais explícitas, como violência física, xingamentos ou ofensas. A forma indireta abrange a exclusão e a discriminação sociais, como por exemplo, a disseminação de boatos sobre a vítima ou seu isolamento forçado de determinado grupo social. É fundamental atentar que o bullying não envolve somente os agressores e as vítimas, mas todos aqueles indivíduos que são coniventes com essa prática, mesmo que não estejam envolvidos diretamente

Dentre os vários fatores desencadeadores da prática do bullying, um merece atenção: o praticante de bullying tende a reproduzir as vivências de violência que ele próprio sofre ou presencia, em geral no seu meio familiar. Quando o indivíduo é vitimizado e se sente impotente em relação à agressão sofrida, torna-se difícil a elaboração do sofrimento vivenciado. Ao guardar para si tamanha carga de afeto prejudicial, ele acaba por encontrar na agressão a terceiros, sobre os quais pode exercer poder, uma “válvula de escape” para toda sua dor. Gera-se então um círculo vicioso de agressividade que dissemina cada vez mais sofrimentos. Porém, esse deslocamento da carga agressiva para outros indivíduos tampouco resolve os prejuízos emocionais do agressor, que não somente vitimiza, mas é também escravo dessa escalada de violência.  

Para conseguirmos frear essa avalanche de agressividade, a sociedade precisa se conscientizar de que o preço pago por todos os envolvidos nos casos de bullying  é muito alto e deixa marcas que podem durar toda uma vida, como por exemplo: depressão, sentimentos intensos de raiva, de indignação e de auto depreciação, abuso de substâncias, e, em casos mais extremos, suicídios e homicídios. 

(artigo escrito por Fernanda Abatepaulo Linhares Guimarães)