Nymphomaniac - Ninfomaníaca: A Banalização do Sofrimento

O texto abaixo é um trecho do artigo contido no livro "ALÉM DA SINOPSE", escrito pelo Especialista em Sociologia e Educação Roberto Guimarães e por mim.

Para ler o texto completo, além de outros artigos como este, adquira o livro "ALÉM DA SINOPSE - A Arte imita a Vida", disponível no site Clube de Autores




AVISO: o texto abaixo contém SPOILERS

O filme Ninfomaníaca, dirigido por Lars Von Trier, merece ser comentado por ser um dos raros  filmes que tratam com seriedade a ninfomania. Mostra a vida de uma mulher que sofre deste mal, relacionando-o diretamente com o sofrimento psíquico e as consequências sociais.
A obra contribui de maneira bastante especial para o esclarecimento do assunto, pois existe uma tendência do público em tratar a ninfomania com desdém ou desconfiança. É muito comum ouvirmos “eu queria ser ninfomaníaco(a)”, como se o impulso descontrolado para o sexo fosse uma benção, não uma doença. Também é frequente o juízo moral condenatório dos atos cometidos sob a influência do “desejo” sexual. Diferentemente de outras compulsões severas, como o uso de drogas e de álcool, a ninfomania é vista como opção e o paciente como alguém que está “de sacanagem” e só quer curtir.

Tais entendimentos têm influência de inúmeras doutrinas ou premissas que, ao longo da história, tentaram conter os efeitos do poderoso instinto sexual inerente à espécie humana. Como é comum em relação a tudo o que se teme, muitas manifestações da sexualidade são proibidas, criminalizadas, banidas, enfim, afastadas da consciência coletiva. O celibato, a monogamia e a rejeição à homo afetividade são alguns exemplos. Chegará o dia em que a humanidade tratará destes assuntos de maneira mais madura, afinal, negar não impede que existam. Não queremos dizer que a sexualidade deve ser banalizada, outro extremo da questão, mas tratada com seriedade em vez de varrida para debaixo do tapete.