Surrogates – Substitutos: A Obsolescência do Corpo

O texto abaixo é um trecho do artigo contido no livro "ALÉM DA SINOPSE", escrito pelo Especialista em Sociologia e Educação Roberto Guimarães e por mim.

Para ler o texto completo, além de outros artigos como este, adquira o livro "ALÉM DA SINOPSE - A Arte imita a Vida", disponível no site Clube de Autores


AVISO: o texto abaixo contém SPOILERS.

O filme Substitutos, apesar de ser uma obra de ficção científica, representa aspectos da sociedade atual no que se refere às transformações decorrentes do uso da tecnologia nas relações com o tempo, com o espaço e com o outro. Apresenta o contexto de uma sociedade imobilizada em suas camas, na qual cada indivíduo está conectado a seu substituto cibernético.

Os robôs são responsáveis por realizar tudo pelas pessoas: trabalham, socializam, passeiam, etc. De quartos escuros, suas ações são comandadas por seres humanos parcialmente inutilizados pelo comodismo proporcionado pelo desenvolvimento tecnológico. As máquinas possuem até mesmo maneiras de se drogar e o fazem, o que reforça a ideia de que a necessidade de entorpecimento é uma constante na vida em sociedade e, segundo um ponto de vista sociológico, pode ser considerada normal – não que seja boa, justificável ou saudável em termos psicológicos, apenas que, por estar presente em qualquer forma de vida coletiva, é generalizável, o que leva a crer que é inerente às organizações sociais, uma consequência do funcionamento dos agrupamentos.

Com os simulacros eletrônicos em circulação, a sociedade futurista apresentada no filme experimenta uma mudança drástica em relação à criminalidade, se comparada com o momento atual: há anos não ocorrem crimes violentos, o que pode ser explicado pelo fato de que qualquer ataque, ao não se direcionar diretamente ao corpo do outro, tem seu impacto reduzido, sua potência perdida, e desmotiva o agressor potencial.